quarta-feira, 23 de maio de 2018

CRIME !


NOTA: Em 1978 tomei conhecimento desta realidade criminosa, pelo depoimento escrito  e publicado   do meu camarada Dinis de Almeida, mas pela minha idade de então, e, sobretudo,  na circunstância de acossado pelo regime,  reagi, como habitualmente fazem os demais - li, ponto 


Mas que regime se criou com o 25 de Abril 74, e se destruiu com o 25 de Novembro 75?

No 25 de Abril 74 bati-me pela liberdade, a paz, a justiça social em nome do POVO- POVO Português, recebendo e cumprindo ordens do Exército Português, sem  nunca usar a violência.

Muito embora,  alguns  digam que os passados próximos, com menos de um século, são para esquecer, depois de ver  branqueamentos  parcelares ou mais totais da história, como o  fez  recentemente Ribeiro Cardoso acerca das perseguições a Costa Martins, culpando de tudo Tomás Rosa, quando este era um elemento do grupo da informação, contra -informação do grupo dos 9 e,ou dos dissidentes do MFA ( Dinis  de Almeida: Ascensão e Queda do MFA, II vol,pp 274,1ª edição) , não posso calar a minha total indignação ao reler , agora,  essas obras do Dinis, e ao verificar que a sua denúncia pública, pelos idos de 1978, de crimes de guerra,  nada produziu, quando algumas dezenas dos meus camaradas e eu próprio estávamos a ser julgados no Conselho Superior de Disciplina do Exército, por ordem do Chefe do Estado Maior do Exército Sr. General Rocha Vieira,   por causa das missões que cumpri nos parâmetros estabelecidos pelos órgãos militares e do MFA. Pela prática desses actos  fui louvado pelo comandante da Escola Prática de Artilharia,  Coronel Torres de Magalhães, e colocado a desempenhar funções de mais alta responsabilidade - topo da hierarquia de delegado do MFA na Região Militar de Évora, pelo Brigadeiro Pezarat Correia. 

Todavia,  enquanto éramos julgados ( fui entre 1976-1982) Dinis de Almeida, nas suas obras " Ascensão Apogeu e Queda do MFA" em 1978 (data em que o li, e hoje,  volto ao assunto ,porque uma grande portuguesa MM, iniciou uma investigação histórica sobre estes tempos, estes idos de Março,  de Abril ) como testemunha, denunciava  entre outros crimes de sangue, os seguintes:

Capitão Maurício Saraiva - colecção de orelhas de negros e depois de degolados, espetava as  suas cabeças em paus,   ( idem I vol, pp 65);

Tenente Veríssimo - genocídios, crimes contra a humanidade de homens, mulheres e crianças que antes de serem fuzilados, cavavam as suas covas e passavam sobre tapetes de sangue  dos antes fuzilados- QUE BARBARIDADE!  

Capitão Pamplona -ordena espancamentos violentos aos ditos "Turras" de modo a ficarem com a cara numa ferida aberta ( idem II vol pp  51)

 Capitão Valente - assassinato de um suposto "turra" com várias punhaladas no peito e nas costas, sendo degolado pelo furriel Domingos ( idem pp 205).,,,

E nada, depois desta denúncia aconteceu a estes militares, cujos crimes não podem ter prescrito, razão porque de novo, indignado, revoltado os trago à presença da Nação, para que sejam julgados em consciência e nos tribunais, e, também, os que tomando conhecimento destas denúncias  e, provavelmente, de muitas outras, não agiram. 

E, no mínimo,  os que ainda estiverem  vivos não podem mais viver descansados, como se tivessem  agido por qualquer imperativo ético ou Patriótico, que , contrariamente, de um modo flagrante e criminoso, violaram .

Um lágrima por todas as vitimas passadas e actuais às mãos destes SUBHUMANOS e seus cúmplices.

andrade da silva




PS:

Cumprindo o meu dever de cidadão enviarei cópia deste post para a Procuradoria Geral da Republica para os efeitos imperativos


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