segunda-feira, 23 de abril de 2018

MEMÓRIAS DE UM MILITAR DE ABRIL (I): OS ANTECEDENTES





MEMÓRIAS DE UM MILITAR DE ABRIL DE  VÍTOR PÁSSARO: OS ANTECEDENTES

Ao integrar um grupo de jovens que, no Barreiro, procuravam desenvolver um conjunto de actividades que permitissem uma consciencialização política mais desenvolvida, fui ganhando a noção de que da discussão e análise dos problemas que afectavam o país antes da queda da ditadura, e em particular os jovens, pontificava o fim do regime e da guerra colonial.


O fim da guerra colonial, só possível com a queda do regime fascista, era o que preocupava grandemente os jovens em idade de terem que entrar nas fileiras e, não raro, as preocupações centravam-se na formação militar após a recruta, que era tema de conversa quase obrigatória entre todosos que se encontravam nesta situação.

Para além disso, o ingresso no Serviço Militar Obrigatório (S.M.O.) e a eventual partida para a frente de guerra, era um obstáculo grande que se punha na vida profissional ou de estudante de quase todos durante um período de cerca de quatro anos.


Ingressei no S.M.O. em 17 de Julho de 1973 no Destacamento da Escola Prática de Cavalaria (E.P.C.), em Santarém, onde fiz a recruta como instruendo do Curso de Sargentos Milicianos (C.S.M.). As memórias desse tempo não são as mais agradáveis, desde logo pela mudança radical que a minha vida, tal como a de milhares de jovens, sofreu. As instalações onde os recrutas estavam alojados eram muito desagradáveis já que as camas estavam equipadas com “modernos” colchões e almofadas de palha, os “armários eram pequenos caixotes de madeira que se guardavam debaixo das camas e os beliches estavam permanentemente providos de percevejos que nem os insecticidas que levávamos de casa conseguiam exterminar por completo. No refeitório, as mesas eram de pedra e com um aspecto tenebroso mas, em contrapartida, a parada interior devia estar permanentemente limpa. Retenho o episódio de o Tenente Migueis me chamar para que retirasse um  “barrote” (feito pau de fósforo) do seu caminho para que pudesse passar.

 Quero referir que nunca percebi em que é que este tipo de atitude por parte de alguns oficiais possibilitaria uma melhor formação de âmbito militar. Também a qualidade da comida era sempre posta em causa e tivemos a oportunidade de fazer um levantamento de rancho no dia em que a dobrada cheirava a merda. Chamado o comandante do Grupo de Instrução, Capitão Tavares de Almeida, fomos todos ameaçados com fins-de-semana cortados, mas por fim acabou por reconhecer que tínhamos razão e mandou fazer uma refeição rápida para todos.
 
Terminada a recruta , seguiu-se a especialidade, transmitida, após grande expectativa, pelo comandante de pelotão e lá segui para Vendas Novas para a Escola Prática de Artilharia (E.P.A.), onde frequentei a especialidade de P.C.T.-Posto Central de Tiro. As instalações na unidade não eram comparáveis com as do Destacamento da E.P.C., pois as camas tinham colchões e almofadas de espuma, armários metálicos para cada um e as mesas do refeitório, sendo de tampo de pedra, tinham toalhas plásticas a cobri-las. Recordo-me de um camarada dizer que parecia que estávamos num hotel, por comparação com a unidade de Santarém. Naquela altura, o comandante do Grupo de Instrução era o major Oliveira, mais tarde comandante do Regimento de Comandos e um dos oficiais instrutores era o Tenente Andrade da Silva, que ministrava técnica de combate e minas e armadilhas, entre outras. Na época, a E.P.A. era conhecida como os Comandos do Sul, tal o rigor da instrução. Concluída a especialidade em Dezembro/73, fui colocado na E.P.A. e na Bateria do Capitão Duarte Mendes, transitando mais tarde para o Grupo de Instrução já sob o comando do tenente Jesus Silva, de quem fui seu adjunto.


Com o passar do tempo vamos estabelecendo contactos com outros militares e foi assim que em contacto com o Furriel Sequeira íamos falando sobre a situação política e as perspectivas que o futuro nos reservava, enquanto militares, em função da especialidade de cada um.



  É então que chegamos ao 16 de Março de 1974, conhecido como o golpe das Caldas, tendo a E.P.A. entrado de prevenção como consequência da iniciativa daqueles militares. Recordo-me que, pela entrada da noite, estava a conversar com o Furriel Sequeira na parada interior e em frente ao bar de sargentos, sobre o ocorrido, quando se aproxima de nós o Tenente Andrade da Silva. Perguntámos -lhe o que se estava a passar, pois falava-se na possibilidade de um golpe de extrema-direita dirigido pelo General Kaúlza de Arriaga, mas a abertura do Tenente não foi grande, nem dando qualquer informação sobre o que deu origem aquela iniciativa militar, (compreensível porque a Pide ainda existia) mas sempre comentou que “vinha observar o estado de espírito dos Furriéis”. 


Vitor Pássaro

Furriel-miliciano em Abril de 1974


                                  ABRIL VIVO!

 PS:  No dia 25 Abril 74 estarei na cerimónia da Câmara  de Vieira do Minho a Evocar o Glorioso e Vitorioso 25 de Abril 74.

No dia 21 estive nas Caldas com o patriotca  e empenhada Associação MVC : Movimento Viver o Concelho - um momento extraordinário de VIVER ABRIL HOJE. Um grande bem- Haja a todas e todos particularmente à Dra. Teresa Serranho ao meu antigo camarada de armas em Vendas Novas Serranho e ao Dr. Paulo Morais que mediou este encontro

No dia 20 estive na Escola Básica de À dos Loucos/ Alhandra com crianças com um comportamento de muito felizes e bastante conhecedoras de muitas realidades um Bem- haja ao Bento,homem incansável que promoveu este encontro, às professora da Escola,  ao meu camarada Borges que nos deliciou e encantou com a sua voz de tenor e à Mel Besuga pela sua companhia.

No dia 25 de Abril 2018, o Jornal de Noticias, através da Jornalista Helena publicará uma entrevista minha sobre o 25 de Abril. Seria bom ,não por mim, mas pelo facto que comprassem o jornal nesse dia e sempre 


                             








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