Querido amigo Dorbalino ou, melhor
dizendo, “Durbas”, desde que o Manaires te batizou e tu adotaste a nova
identidade.
Finalmente chegámos a Larinho. Que
dizes irmos até ali ao café do Sr. Eugénio ouvir mais umas histórias das tuas?
Das que tu quiseres contar, pois não há risco de repetires a mesma duas vezes.
Tu sabes tudo, não esqueces nada e conheces toda a gente; por isso os momentos
passados na tua companhia são sempre agradáveis. Mesmo com aquelas coisas menos
boas de que a gente se queixa, como a saúde a pregar partidas, ou as injustiças
de que somos alvo, tu consegues sempre dar a volta e torna-las coisas boas,
associando-as a uma boa anedota.
Mas não vamos já diretos para o
café. Primeiro passamos pela Ferrada, a ver se ainda lá para alguma daquelas
moças que iam buscar água e quebrar corações. Depois passamos pela igreja, não
vá o padre Guerra ainda estar por lá a desancar os que troçavam dele por ter
mulher e filhos, mas que lá se foram refugiar numa noite de inverno, quando as
estrelas começaram a bailar no céu.
Se calhar não vamos a mais lado
nenhum, pois somos muitos e que isto de por a malta a andar é muito complicado.
Sabes que estamos aqui mais de uma centena? Pois é verdade, todos os do teu
curso de entrada na Academia Militar, mais umas dezenas largas que tu foste
transformando em amigos, com esse teu jeito especial de tratar as pessoas. A
culpa é tua, pois convenceste-nos que as festas de Sta Luzia eram uma coisa do
outro mundo e ninguém quis faltar. Imagina que até vieram todos aqueles que já
nos deixaram e de quem tu escreveste a dedicatória, transformando folhas vazias
em páginas de amizade, ilustradas com aventuras que só a tua memória prodigiosa
seria capaz de reter.
Pois estamos todos aqui, Durbas,
para te prestar homenagem! Estamos aqui para guardar a tua memória e reter os
bons momentos que passámos juntos. E estamos aqui para testemunhar a vida que
ajudaste a colorir com a tua força e a tua alegria!
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