segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

05 - POEMÁRIO * A praga


QUE VIVA O CORDEL!

A praga





Um dia, p’la Primavera,

na festa de todos nós,

o povo soube quem era

e de novo teve voz.



Gritou a sua razão

há tanto tempo oprimida!

Não mais havia a prisão

p’ra quem reclamava a vida.



Declamaram-se os poemas

p’la tirania banidos…

E quebraram-se as algemas

dos caminhos proibidos…



Houve abraços e beijinhos

e também amor jurado

de quem, por outros caminhos,

andara a passo trocado.



Chegara a fraternidade

aos desavindos que houvera.

Chegara a claridade

vestida de Primavera.



Foi tudo assim tão bonito,

até à praga fatal:

isto assim é tão bonito

que só pode acabar mal…





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 27 de Fevereiro de 2017.



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