sábado, 7 de maio de 2016

ABRIL PÉ DESCALÇO AMANTE

                                             Capitão Amílcar Rodrigues no Couço- 1975.


Haverá muitos Abris: de cravos, espumantes, vermelhos, azuis, de farras, zombies, de boa gente e outra "axim" e tal, mas o meu é o do fim da guerra e da libertação das gentes das tabancas em África, mas também da libertação do meu colega da 4ª classe, Marcelino, que vivia numa furna, logo na subida da Montanha, para as Neves, no Funchal ( eu vivia na 2º casa que ainda existe à esquerda do largo da montanha e do café Tic_Tac), e também pela bela moça  de pé descalço do Couço, como a foto revela.(1975)

Esta linda moça, como todas as outras, tinham e têm um igual direito a fazerem amor debaixo dos lençóis com pés com  pele sedosa. Choro a sua humilhação. Fascistas não tendes perdão. Fui e sou contigo escravas, também escrava. Revolto-me convosco e mil Abris faria e mil vidas daria por vós. AMOVO-VOS.

Mas também mil Abris faria, se o cemitério não fosse a nossa terra, por aquele rapaz, jovem negro, todo aperaltado, que no dia 26 de Abril 2016, rodopiando a dança louca da inconsequência, procurava vender, numa estação de autocarros, algemas de um banco aos espoliados que passavam. Nada conseguiu, será um vivo morto, e, isto, é extermínio e não Abril - escutai fascistas e outros tais e iguais, embora, de poses e verbos diferentes, mas iguais consequências.

E, uma vez mais, digo, não sou azedo, simplesmente, como diziam, noutros tempos, algumas amigas, sou agri-doce, como a água tónica ou os molhos chineses, mais, precisamente, mongóis ,face a algumas semelhanças, mas  azeda, azeda, é a realidade dos deserdados,   que quando amam têm orgasmos explosivos e, outras tantas vezes, romances de faca e alguidar, que também, acidentalmente , acabam mal ... coisas...

Por vós mil Abris faria, mas ?????.......

andrade da silva

PS:

DIÁLOGO EM MODO HISTÓRICO.

Inocêncio Santos:
Meu Coronel Andrade da Silva, gostei de ver as fotos, especialmente a do grande amigo Capitão Amílcar Rodrigues pena a foto ser a preto e branco pois o Capitão Amílcar Rodrigues tinha o curso de comando e usava boina vermelha

João Andrade da Silva:

Caro Inocêncio  as boinas castanhas em Vendas Novas, nem em parte nenhuma por onde andei: Guerra em Africa, Alentejo, Bósnia, ficaram atrás de vermelhas, verdes ou pretas e em Vendas Novas quem tomou a unidade foram os boinas castanhas ponto, ponto, ponto. O suporte humano da boina é mais importante que a dita. No dia 24 de Abril 1974 o Amílcar com a sua boina vermelha foi substituído por mim, em cima da hora, porque não estava presente, pelo tenente de boina castanha o incomparável Sales Grade. Todavia tenho o maior apreço pelo 2º BIAT ,( para-quedistas) o 1º a ir para a Bósnia, porque ia equipado para primaveras e apanhou inverno de 20 graus negativos etc. etc. etc..  e o mesmo com os primeiros em Timor, um batalhão de paraquedistas e no Afeganistão com um batalhão de comandos, como psicólogo militar do CPAE, acompanhei no terreno, ou através  de relatórios, todas estas abnegadas  forças, e como sempre os primeiros vivem situações mais fortes do que permite a natureza humana do militar.


Francisco Santos


desculpa João , independentemente das boinas, como sabes fui muito amigo e lidei muito com ele , para alem de alguns defeitos, como todos nós temos, era um grande companheiro, em respeito pela sua ausência , onde quer que esteja que a sua alma descanse em PAZ ....abraço João

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João Andrade da Silva

Caro Francisco as boinas nada têm a ver com o Amílcar . Os militares das boinas castanhas foram os mais sacrificados em África. Não estava, nem vou estar agora de acordo com o Amílcar, mas o meu desacordo com ele grave e profundo era quando ele estava vivo, e não agora que já partiu. Não concordava com a acção feita em Agosto no Couço de ocupação de todas as terras de Mora ao Couço, que apesar de discordar e não ter apoiado fui considerado responsável, como nunca concordaria com a ocupação da herdade bem cultivada de Vacas de Carvalho, mas o responsável pelo descambar do processo da Reforma Agrária na zona de acção de Vendas Novas foi Pezarat Correia , quando mentindo retirou-me de Vendas Novas para Évora. Se me mantivesse em Vendas Novas pese todas dificuldades que o Amílcar me criava por ter outra visão da realidade, diversa da linha e do pensamento do Comandante do Exército General Fabião, seria eu o Delegado do MFA na EPA, porque fui eu o eleito, estranhamente o Amílcar foi defendido pela hierarquia e ficou ao serviço, apesar de ter aceite e participado nos movimentos mais explosivos Couço 75, mas a responsabilidade foi-me imputada.. De resto e fora estas divergências e outras coisas mais complicadas e mais difíceis de gerir do que a oposição de direita que tinham a ver com o modo como ele julgava conseguir alcançar dados objectivos e no pressuposto que o basismo e o popularismo era o caminho, fora isto era um camarada militar com quem militarmente me dei muito bem, era do meu curso, até à Revolução do Povo-MFA, aliás já discordávamos todos dele quanto a algumas das suas ideias muito radicais em termos operacionais antes do 25 de Abril. Meu caro a história do 25 de Abril é uma miscelânea de meias verdades, mentiras completas: certo, certo é que o regime podre caiu.. depois foi um ver se te avias com dadas histórias. Como sabes também compreendo a tua proximidade ao Amílcar, porque ideologicamente estavam próximos, no que entendiam como a linha mais revolucionaria, mas que no 25 de Novembro 75 com a Isabel do Carmo e outros tais foram uma grande TRETA só aumentaram a confusão etc. etc. A foto foi posta não para falar do Amílcar mas da rapariga pé descalço. Para o Amílcar o meu abraço e a verdade que conheço que não é a VERDADE única .Quanto ao Amílcar encontrei anos mais tarde como psicólogo o seu filho e sei bem quanto me custou, dolorosamente esse confronto ponto Abraço.

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Francisco Santos

Eu soube das vossas divergência, mas isso são outras histórias que JÁ pouco importam  , hoje devemos por uma questão de ética e respeito desejar que o supremo infinito , o tenha em paz, aquele abraço. ..

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João Andrade da Silva

Francisco Santos Oh meu caro mas que conversa é essa, simplesmente o pensamento dele seria mais próximo das forças tipo brigadas revolucionarias. PSR etc e o meu era o da aliança POVO_MFA como estava definido pelo MFA, mais próximo do MDP/CDE, embora me acusassem os reacças de andar a mando do PCP. Não é nenhuma divergência pessoal é ideológica e esteja ele onde estiver direi como o vi, seria ao que vocês chamam um revolucionário basista- os soldados é que mandam. é que sabem e eu defendia que quem conduzia a revolução militar era o MFA e dentro dos quartéis mantinham-se as regras básicas da vida militar que não violassem a Revolução, mas para falar da História do MFA em Vendas Novas tenho de falar do Amílcar que foi muito importante no processo da Reforma Agrária e Militar sobretudo de julho 75 ao 25 Novembro 75 na zona de Vendas Novas . Nada disto ofende a sua memória, porque era um facto de que ele em vida até ao 25 Novembro 75 se orgulhava, logo, deve assim ser evocado por quem o conheceu assim, que é o meu caso, com quem discordava porque discordei dos SUV, da acção da UDP no Alentejo e das Isabéis do Carmo, o que mantenho de facto nunca acreditei, nem acredito em burgueses muito, muito revolucionários, pois foi o que se viu no 25 Novembro 75, e também com o teu grande mito Otelo. Todavia sempre me bati mais pelo MFA do que por qualquer aliança com partidos. Contudo sempre defendi para a resolução dos problemas no Alentejo uma aliança entre o PCP e o PS, em 2015 conseguiram essa convergência a nível nacional, alargando-a ao bloco esquerda ora vê lá como são as coisas, e, agora, acho que estão a atirar para debaixo do tapete matérias essenciais como o condenação efectiva da corrupção. Bem, mas ninguém está interessado nestes assuntos, mas serve para organizar ideias.  Abraço

João Andrade da Silva

O Amílcar Rodrigues faz parte da História militar da Revolução e do Alentejo e, por isso, concordando ou discordando o seu papel é incontornável. A mim enquanto delegado do MFA, sendo ele do MFA ,criou-me mais problemas na condução do processo que  outros que estavam de fora do canal MFA, Claro sempre defendi e defendo o aprofundamento da história destes tempos com todos, mas é o diabo...poucos ou nenhuns querem. Gosta-se mais de pornografia ou de barbaridades . Abraço



2 comentários:

Serafim Silveira Pinheiro disse...


Caro João,
Meu Coronel,

A Verdade, custe o que custar e a quem custar deveria ser dita, sempre.

Se após recolha a quartéis, todos os nossos camaradas de armas a tivessem honrado, como tu, nas suas intervenções nas assembleias do MFA e se tivessem mantido, como tu, disciplinadamente na linha de comando sem conspiraçõe , não teriam sido abertas feridas no precioso tecido castrense. Feridas que hoje ainda sangram e nos têm diminuído nas lutas contra os que desarticulalm e desprestigiam as Forças Armadas.

A fotografia não precisa de cor para mostrar o que era o Alentejo e a característica fibra da Mulher que a ocupa por inteiro com a sua presença valente e generosa com natural beleza e elegância.

Abraço solidário

andrade da silva disse...

Caro Camarada Serafim

Talvez tu, outros e eu sejamos figuras de ficção, porque os seres reais são mais os da fraude, da geoestratégia da violência e do branqueamento da história, eles são os ganhadores, mas temos de ter a última coragem para dizermos as verdades que conhecemos, e, sobretudo vivemos.

De facto tudo quanto pensei, como pensei e fiz sempre o disse claramente, oralmente e por escrito nas Assembleias do MFA, mas também na muita correspondência trocada e avalizada sempre, pelos comandantes e já nesses longínquos tempos de 74/75 defendia que a convergência do povo plebeu e seus aliados do PCP e PS com a mediação do MFA, era fundamental, para resolvermos os graves problemas do Alentejo. Porém a resposta do MFA de Novembro, dos 9, foi também considerar-me um perigoso comunista revolucionário que não tendo sido preso devia ser deportado, a ver se um fim trágico me colhia pela Madeira, isso não aconteceu, mas acabaram por me prenderem e matarem civilmente com cumplicidades insuspeitas... coisas.. e da mesma manobra outros foram vitimas. Caro Camarada aquele abraço joão