sexta-feira, 30 de outubro de 2015

05 - POEMÁRIO * Estes dias...

 



Os dias acontecem devagar,

ao ritmo do relógio que inventámos.

Em Maio vem o tempo de ceifar

o trigo que em Novembro não semeámos.



O ciclo natural do nosso pão,

alheio à míngua em dor da nossa mesa.

Ah, pátria minha, tanta provação

e tantos horizontes de incerteza!



Um rictus quase obsceno e vil enruga

a massa levedada que nos fita.

No velho cais, em lágrimas, a fuga

acena a rendição desta desdita...



Que dias estes que não reconheço!

Serão não-dias --- dias do avesso?...




José-Augusto de Carvalho

Alentejo * Portugal


1 comentário:

andrade da silva disse...

pois
????????????????????

abraço

asilva