segunda-feira, 13 de maio de 2013

O CASO DA FRAGATA GAGO COUTINHO NO 25 de ABRIL 74 - UM PONTO FINAL.





Lida toda esta vasta documentação:


a conclusão é muito evidente:


1- A única declaração coerente e plausível é da do comandante Caldeira Santos, no contexto de uma unidade com um comandante não aderente ao movimento dos capitães. Todo o seu procedimento é idêntico ao das demais unidades e fazia parte, digamos, da doutrina do MFA para abordar e abortar as acções de comando contra o movimento,como, aliás, de um modo muito claro, aconteceu na Escola Prática de Artilharia, em que comandei a equipa de assalto ao gabinete do comandante. Equipa constituída pelo tenente Pedro e tenente Sales Grade em substituição do Ten Amílcar Rodrigues que à hora aprazada não estava no posto de combate... A decisão desta substituição que tomei foi CRUCIAL,substitui, em cima da hora, o ten mais operacional da EPA pelo mais pacifista oficial do MUNDO, quando podia ter abortado a acção, ou a ter adiado etc., todavia optei pela melhor e mais decisiva decisão, o que implica.... sabe bem quem anda nestas coisas;

2 - O depoimento do Sr. Almirante Rosa Coutinho não adianta nada de substancial em relação à matéria de facto, diz que Sr. Comandante Louçã ficou pesaroso por não ter sido contacto por si ou pelo sr- Almirante Crespo, mas porque não o fizeram,seria por excesso de confiança no sr. Comandante Louçã, ? É estranho,o processo começou bastante antes.Quanto ao ajuste de contas isso nada tem a ver com os 1ª tenentes ou tenentes,é um DISPARATE TOTAL, por exemplo, no meu caso que fiz parte da comissão técnica da Arma de Artilharia, liderada pelo, então,  sr. Major Loureiro dos Santos, não conhecia mais que 2 ou 3 tenentes -coronéis e coronéis, generais não conhecia nenhum, para além do Comandante do Sector leste de Angola,71-73, de que não gostei, pela falta de meios como queria que se fizesse a guerra. Todavia o sr. Almirante Rosa Coutinho tinha toda a capacidade de evitar esses miseráveis ajustes de contas.

3- O depoimento de 1974 do sr.comandante Louçã está mal elaborado, é confuso e reporta-se a um estilo de decisão de comandante que não reconheço, isto é, diz que deu ordem, colocou a hipótese de ordem etc de mandar fazer um dado tipo de tiro a um seu subalterno (alínea d), mas que perante a estupefacção deste, segundos depois decide não fazer tiro de tipo nenhum - que grande perturbação! não consigo reconhecer este estilo de comando,num comandante muito experimentado com 51 anos de idade; o documento é de má qualidade por falta da adequada fita do tempo - porque reunir os oficiais para saber o que fazer, quanto às prementes ordens do escalão superior depois das forças de Salgueiro Maia,terem abandonado o Terreiro do Paço, ou seja, a premente ameaça retirado? ,Embora tenha sido um vulgar oficial,que nos últimos 20 anos fui psicólogo, não reconheço esta modalidade de estudos de situação; também não reconheço ao nível da liderança militar decisões de substituição, exoneração de funções que não se concluem, quando a acusação é tão grave,como a que o Sr. comandante Louçã deduz contra seu imediato, 1º tenente Caldeira Santo: deprimido,nervoso etc etc., logo a destituição não é concluída a propósito de quê? Também não reconheço este padrão de comportamento na liderança, por ser lábil, como consta dos Book's doutrinários da liderança. Quando professor na cadeira de introdução à psicologia da liderança se tivesse de classificar este documento teríamos um muito grave problema.


4- O depoimento do sr.comandante Zilhão nada tem a ver com o comandante Caldeira Santos,é um ataque pessoal, feito muitos anos depois,por nada que tenha a ver com o vaso de guerra, quiçá baseado no despeito; e tem tudo a ver com este senhor comandante que descreve os seus critérios de selecção para cargo tão importante,e o que espera de quem recruta com base em tão inefável critério de selecção, logo é um documento moralmente inaceitável,ponto.

Conclusão

Analisada a vastíssima documentação apresentada,na minha opinião, o documento mais coerente é do comandante Caldeira Santos que naquele contexto agiu de acordo, não com a doutrina NATO,mas com a do MFA, contrariamente, o comportamento do Sr. Comandante Louçã não se insere em nenhum quadro doutrinário que conheça, ou reconheça, logo...

andrade da  silva


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