A MUDANÇA NÃO SE EXIGE, FAZ-SE COM
UMA REVOLUÇÃO POLÍTICA que pode admitir em fases precoces lutas avulsas, mas é
preciso saber sempre quem é quem,
quem está a cavalgar a onda da revolta e dirige todas as manobras.
O povo não pode ser peão num xadrez que lhe passe ao lado. Os plebeus têm
de se mexer e muito, mas à beira de um abismo de olhos vendados ou guiados por
Davidianos podem ser levados ao suicídio colectivo.
UMA REVOLUÇÃO PRECISA DE UMA DIRECÇÃO, de um GRUPO DE LIDERANÇA POLITICO-MILITAR, sobretudo
num país, como Portugal, tão dividido em
opiniões muito cristalizadas e organizadas em torno de cinco ou seis quadros de
pensamento, os partidos, alimentados por
500 mil militantes e um número variável e móvel de simpatizantes, em torno
daqueles quadros de pensamento, até aos 5 milhões de portugueses; os restantes
cinco milhões perdem-se pela miséria extrema, cerca de dois milhões, outros
pela doença crónica e velhice desistente e outros, ainda, pela simples revolta, negação da democracia e da politica.
Neste pais, como em muitos outros, se não houver uma força agregadora e
que dê um rumo ao tsunami da revolta e do protesto, podemos estar perante a
eclosão de muitas escaramuças, anarquia pura em que no Dia D+1
todos se envolvem à “Batatada”: todos contra todos.
Também no PREC ia havendo disto, estive em situações que o evitei, e, revisitei-as
nalgumas cenas na manifestação junto do Palácio de Belém, nesta tão simples circunstância, enquanto
muitos diziam: “são todos uns gatunos.
Todos para a rua!”, um coro de protestos
organizado proclamava - Os deputados do…
(seu partido) são dignos e honestos, os nossos deputados são intocáveis”. E esta posição, de defesa de parte dos
deputados e políticos de dados quadrantes, em
muitas das manifestações de rua, são muito fortes e maioritárias, e a partir
destas posições quebra- se a unidade.
E os exemplos mais próximos do Egipto e outros dizem como se muda de
politicas e regime a baixo custo humano, só quando todo
um povo está mobilizado maioritariamente por uma força politica - no caso egípcio a irmandade muçulmana –
facto que leva as Força Armadas a se
inclinarem para o campo da vitória, e o resultado foi o que se viu. Interessa
sublinhar que todos lá sabiam para onde iam, ou seja: SAIR DE UMA DITADURA,
PARA UMA DEMOCRACIA.
Só UM GRANDE DESÍGNIO NACIONAL CLARAMENTE DEFINIDO, POR QUEM FOR CREDÍVEL,
PODE MOBILIZAR TODO UM POVO PARA A REVOLUÇÃO POLÍTICA IMPERATIVA. ESTA
REVOLUÇÃO INICIAR-SE –À NA PERIFERIA DA EUROPA, ou do MUNDO, como há
muito previu Samir Amin.
PELO FACTO DESTA REVOLUÇÃO TER
COMO BERÇO O SUL DA EUROPA DEVERIA SER:
A REVOLUÇÃO DA LIBERDADE, DA DIGNIDADE, DO DESENVOLVIMENTO, OU SEJA, DA INTELIGÊNCIA
E DO AMOR.
Se assim não acontecer tudo passará,
e remeter-nos-à ao remanso da rotina, roubo,
exploração, corrupção e ditadura mitigada.
O POVO está na rua, porque não assumem as suas responsabilidades as
elites morais, sociais, académicas, cientificas, politicas e militares, da
Nação, porque esperam? Porque não se declaram disponíveis para ouvirem o povo,
a plebe, e com ela delinear o novo estado?
Há quem diga que isto é o modo de
costume de cavalgar o povo, mas vejamos,
se será assim:
Os que defendem que o importante é
vir o povo para a rua, que depois do seio das manifestações nascerá a liderança
e o rumo, como no caso da génese das Religiões, que, segundo Durkheim, surgem em momento de grande dúvida e fervor em que milhares se reúnem e para
responderem às suas angústias, num ambiente
de exaltação, criam um Deus, para os que
pensam que assim será na politica , com estas descidas do povo à rua, segundo convocação
de outrem que não pertence por completo a este grupo – plebeu, um dia se descobrirá, a partir do chão que se pisa, o caminho certo,
será ?
Também é certo que não se convoca
ninguém para fazer uma Revolução, esta, faz-se por uma multiplicação de acções
e desesperos que têm de ter lugar, enquanto o escravizador aperta o garrote,
porque logo que ele o solte um pouco, passará de demónio, a salvador.
O actual governo de Portugal , sendo maquiavélico, conhece bem estas
técnicas, para provocar o síndrome de
Estocolmo, o que, estreita a janela de tempo para agir, em que é preciso gritar
e manifestar o protesto, apresentar as feridas e a fome, mas na minha opinião
cercar o Parlamento é o Dia D de uma nova época, e esta tem de ser pensada, de
algum modo, antes de se efectivar, mesmo que estivéssemos sós no Mundo, e
realmente não estamos, até para sobrevivermos biologicamente precisamos do Mundo.
E neste contexto só posso entender UM CERCO AO
PARLAMENTO, EM CONTRADIÇÃO COM OS QUE O PROPÕEM, COMO UM ACTO DE TSUNAMI PARA
LEVAR TUDO ISTO À FRENTE, SE, ASSIM ACONTECER NO LARGO DE S. BENTO, ESPERO QUE
O DIA D+1 NÃO SEJA DIRIGIDO PELOS ENCAPUÇADOS QUE ATIRAM UMAS GARRAFINHAS AOS POLICIAS, E NO DIA SEGUINTE PORIAM O PESSOAL
COM UMAS TÁBUAS AO PESCOÇO, COMO PENITÊNCIA POR NÃO OS VENERAREM, O QUE, PODE NÃO QUERER DIZER POR TEREM EXPLORADO A
PLEBE mas…
Face a tão evidente e imparável mudança social, por ora, em ambiente híbrido entre democrático e pré-revolucionário, é um erro calamitoso, o
Governo de Portugal e os Governos da Europa, e, entre nós, também o Partido Socialista
não verem estas realidades, e os Chefes Militares, ainda, julgarem que mais FORTE
que a realidade será o que chamam influências externas para alterar o estado de
alma e prontidão dos meus camaradas militares do quadro permanente no activo,
nada menos rigoroso, a EVIDÊNCIA SOCIAL
tem mais força que todas essas eventuais influências, e mesmo estas palavras
que modestamente, de um ponto de vista sociológico, pretendem sublinhar as evidências.
A MUDANÇA FAZ-SE E ESTÁ A FAZER-SE.TODAVIA HÁ UMA GRANDE LUTA ENTRE
MUDANÇAS ANTAGÓNICAS LOGO A VITÓRIA PARA NÓS PLEBEUS SERÁ UM FEITO DE GIGANTES, MAS AO NOSSO ALCANCE.
andrade da silva
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