quarta-feira, 29 de agosto de 2012

SEMIDEMOCRACIA RESIDUAL.






Simplesmente em Portugal há uma democracia, meramente formal, com eleições essencialmente  limpas/livres,  e mantem-se, de um modo essencial, a liberdade de expressão, quanto ao resto todas as decisões da governação não respeitam nada, nem a Constituição, nem os direitos e garantias dos cidadãos, nomeadamente dos servidores de estado que são tratados, como cidadãos com direitos constitucionais, profissionais,   fiscais e económicos suspensos ou mesmo eliminados.

Neste ambiente de semidemocracia residual o governo, sem legitimidade para isso, vende a retalho bens públicos estratégicos com uma natureza intrínseca e permanente associados à efetividade da soberania de um país, como: um ou mais órgãos públicos de comunicação;  a energia; a água –bem estratégico fundamental; o território com as respectivas águas territoriais; uma companhia aérea de bandeira nacional e um banco público com politicas de investimentos menos hostis que a dos bancos privados, o que, em Portugal não tem sido a prática, etc..

Nesta semidemocracia residual, o governo não assume  perante o país a responsabilidade por ter seguido de um modo acrítico as politicas impostas pela troika que falharam, e que tinham de falhar,  como alguns o disseram, porque  a economia real é o indicador do sucesso de uma politica, mas e ,paradoxalmente, também poucos responsabilizem  este governo e a troika pelo verdadeiro desastre nacional a que nos estão a conduzir, desde logo, o Sr. Presidente da República  que não tem exercido  em plenitude as suas funções, ou, então está de acordo com a política do governo, muito embora, por vezes, no discurso pareça dizer que não.

Também faz parte da acção táctica desta semidemocracia dizer, desrespeitando a inteligência média dos portugueses, que o choque do reajustamento tinha de ser boçal e brutal, como está a ser, para evitar, segundo Miguel Beleza a fadiga, afirmação  que  faz sem  ter nenhuma evidencia empírica sobre estas experiências inaugurais da troika, e, assim, sem qualquer evidencia empírica de que as coisas tinham de ser, como estão a ser, uma maioria de economistas admitem que o ajustamento poderia ser mais suave,   com um período relativamente mais longo, e, sobretudo, com juros muito menos especulativos.

Naturalmente,  que com o adequado equilíbrio entre os termos desta equação, sobraria capitais de vital importância para serem aplicados em sectores produtivos  da economia, para evitar a  morte da economia real, como um vasto número de economistas tem demonstrado.

Todavia, porque o PSD e o CDS, entendem que este regime não tem de respeitar, nem eleitores, nem leis, e pode  fazer o que entende, na suposta convicção que a maioria dos portugueses não merecem respeito nenhum, e que alienados pela propaganda e a incultura;  o medo da ditadura comunista ou da bancarrota, limitam-se a aceitar as verdades do governo e a sua actuação,  como o único  caminho para a salvação de Portugal.

O governo e o sr, Presidente da Republica poderão acreditar na perenidade desta semidemocracia residual, até porque poderão também fazer parte, ou serem supostos por outros que fazem parte de um desejo de um certa direita extremista que entende que, apesar de todos os defeitos, o melhor regime é uma ditadura conservadora, com uma aliança estreita ao Vaticano e ao capital financeiro, solução  que lá vai fazendo o seu caminho, perante um PS que ainda não entendeu que neste Futuro tem tanto lugar, como outros democratas ou os comunistas, isto é – NÃO TEM LUGAR NENHUM.

Todavia, se o PSD e o CDS se enganaram quanto   ao   futuro económico de Portugal, presente de desastre de hoje,  podem , e oxalá que se enganam  quanto ao futuro político deste nosso Portugal.

andrade da silva

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