segunda-feira, 13 de junho de 2011

PORTUGAL E O COMPORTAMENTO PARADOXAL.




Não quero repetir aquelas tristes banalidades que somos um grande país que ja ultrapassamos muitas crises, e que, existimos há mais de 9 séculos. Como também não sigo a idiotia nacional de afirmar que só sabemos dizer mal de Portugal, apesar de estarmos cheios de talento e feitos maravilhosos, e não quero ir por estes caminhos parolos, porque, com todo o realismo, considero que não havendo razões de desagregação interna étnica os países se mantêm.


Seja, como for, considero Portugal um país com muitas virtudes e defeitos como os demais, e, sobretudo AMO Portugal e a sua língua, que apesar de todas as limitações é que melhor domino. Portugal e a língua Portuguesa são a minha Pátria. Aqui nasci, fui pai, e aqui vou morrer, ponto.


Todavia, considero paradoxal que os portugueses pareçam tão descontraídos, apesar da realidade sócio-económica que estamos a viver. Agora, a quem ande por aí, parece que o simples desaparecimento de cena do Eng. Sócrates resolveu todos os problemas. Parece que se perdeu um grande fardo. De facto, pelos seus erros estratégicos de governar à esquerda, em termos de valores, e ao centro-direita no campo sócio-económico, para ganhar eleições, tornou-se quase insuportável, mas isto deveria ser uma mera consequência psicológica, porque a realidade sócio- económica se mantém, ou, talvez mesmo se tenha agravado.


Como sal que se derreteu, o tema recorrente da politica que era quase exclusivamente o discurso pró e anti Eng. Sócrates desapareceu com ele, e todas as preocupações que os tais PEC -malditos PEC - despertaram, e, isto, é estranho.


Vive-se um ambiente absolutamente irreal, parece que todas as manchas desapareceram, como o desemprego, a diminuição do custo de vida, a austeridade, a corrupção e a recessão. Milagrosamente parece que regressamos a um universo de prosperidade, para o que estes quatro dias de férias muito contribuíram. O país distendeu-se. Psicologicamente. O Sr. Eng. Sócrates era uma fonte de desespero e desânimo.


Se por um lado é boa esta distensão, para que o Partido Socialista compreenda que o país DISCORDOU da sua opção ao eleger o Eng. Sócrates, como Secretário-geral, eleição, que precisaria, mais tarde ou mais cedo, do referendo de Portugal e, como sinal, de que os portugueses não entraram em paranóia colectiva, acontecimento de extraordinária importância; tem, contudo, um aspecto muito severo e grave que é o do novo governo, ao nível sócio-económico, não ser melhor que os do PS, e, poderá, mesmo, não resolver nenhum dos problemas que as governações do PS e PSD nos últimos 37 anos, mas sobretudo a partir da década de 90 do século passado, trouxeram a Portugal.


Esta indiferença dos portugueses parece-me muito paradoxal, e só a entendo como sinal de uma convicção que o governo do PSD e do CDS vai colocar Portugal no centro da Europa, e, é, para mim, nesta visão do futuro que reside a questão, e tem a ver com a eventualidade de haver expectativas altas que correm o risco de não serem realizadas, ou até mesmo de nunca sequer terem sido referidas, e, se, assim acontecer, como será o dia seguinte?


Em verdade, verdade, receio todas as medidas do novo governo que vão directa e inaceitávelmente afectar a minha vida de membro da classe média que vive com algum conforto, mas sem nenhum consumo sumptuário ( TM, 1º geração, casa T2 não paga, férias na Madeira, idas ao estrangeiro -raras - na modalidade baixo preço etc.), mas temo imenso a reacção dos muitos que creio que vão ver a suas expectativas goradas no curto e médio prazos. QUE FARÃO?



PORTUGAL!..


andrade da silva

1 comentário:

TIA BELA disse...
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