terça-feira, 1 de março de 2011

A QUESTÃO DO DESEMPREGO DOS JOVENS LICENCIADOS.



O problema que hoje se põe com os jovens licenciados, contrariamente ao que uns ignorantes tecnocratas querem fazer crer, apesar de serem professores universitários, já tinha sido anunciado pelo grande sociólogo Raimond Aron há décadas, que nos idos de 80 estudei no curso de sociologia, ou seja, por falta de um planeamento estratégico, quanto às reais necessidades de competências os países por uma democratização do ensino universitário iriam criar mais licenciados numas área que noutras, com bolsas de desemprego nas áreas com técnicos a mais. Mas seria possível ser diferente?


Teria sido possível atenuar o efeito disto com o planeamento estratégico, mas a solução passava e passa por uma alteração fundamental na sociedade, com menos horas de trabalho/ dia e reformas mais cedo, como então se propunha, só que tudo correu ao contrário, trabalha-se mais horas e as reformas são mais tardias, logo, o acesso ao mercado de trabalho pelos jovens está bloqueado.


Outra alternativa teria sido preparar os jovens para
tirarem licenciaturas por uma questão de valorização pessoal , mas que depois teriam de trabalhar onde houvesse emprego, circunstância que criando mais postos de trabalho não resolveria o problema no seu todo. Em qualquer dos cenários, se não houver desenvolvimento e produção, não haverá pleno emprego.


Hoje, num programa da RTP um professor catedrático, director de uma faculdade de economia, lá veio com a velha história que é preciso despedir mais gente para empregar os jovens, o que, seria uma solução, embora má, desde que os filhos passassem a sustentar os pais, como estes fazem em relação eles. Estes pais indo para o desemprego não arranjam mais emprego. Diz o tal professor que não é assim, porque com a tal flexibilidade um empregado sai aqui e arranjava um emprego além, esqueceu-se o venerando professor que o mercado de trabalho português é exíguo. Todavia para isto o brilhante professor tem uma solução: o mercado de trabalho europeu e universal. Para este brilhante professor os portugueses têm de voltar a emigrar, o que, também exige aptidões especiais, mas isso ele esquece, ou nem sabe.


Mas quanto a este professor catedrático é extraordinário ver como defende a mudança de emprego, ele que tem uma cátedra para leccionar até aos 70 anos. É só coerência, ao que acresce que alguns deles deixaram de ter mesmo competências, para serem professores por estarem afectados com pré-senilidade, e lá continuam.


De facto com a actual matriz social e económica, sem um grande desenvolvimento, sem um planeamento estratégico quanto às competências necessárias, muitas e muitas manifestações terão os jovens de fazer, os seus pais e mesmo os seus avós, porque além de também estarem a perder direitos,vencimentos e pensões estão também condenados a trabalharem até à morte.


Lá quis o douto professor, no seu bom senso, dizer aos jovens que estamos numa democracia e não numa ditadura, mas se democracia é demo-ditadura e está bloqueada, estamos a meio caminho do inferno. Estou com os jovens estudantes licenciados, estou com o meu filho, mas também com a geração dos seus pais e avós que estão todos no mesmo barco que se afunda, e precisa de uma solução global.


Mas a verdade é que com o medo da revolução da rua árabe, esta gente dirigente que não deu nenhuma atenção à emergência destes grupos, como aqui referi, porque julgavam que não mobilizariam ninguém, já estão à rasca e mais ficarão se uma televisão fizer o mesmo papel que a árabe da Revolução, e mais ainda, porque este movimento vai para o que der e vier, isto é, pode ficar na rua até a demissão do governo etc., e nascer ali um novo partido e uma nova politica, com novos políticos, como devia ter acontecido no 25 de Abril 74, o que, outros e eu , procuramos efectivar, e para mal de Portugal e da revolução não conseguimos, como irei contar. Nesse movimento, bastantes já eram de um partido e logo mataram o bebé na incubadora. Corria o ano de 76/77 e reuniamo-nos, para o efeito, na Casa do Alentejo.


QUE ABRIL PROTEJA PORTUGAL!



andrade da silva

5 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Caminhamos para o abismo!





A Grande Evasão





'Quem pode, foge. Muitos sujeitam-se a perder 40% do vencimento. Fogem para a liberdade. Deixam para trás a loucura e o inferno em que se transformaram as escolas. Em algumas escolas, os conselhos executivos ficaram reduzidos a uma pessoa. Há escolas em que se reformaram antecipadamente o PCE e o vice-presidente. Outras em que já não há docentes para leccionar nos CEFs. Nos grupos de recrutamento de Educação Tecnológica, a debandada tem sido geral, havendo já enormes dificuldades em conseguir substitutos nas cíclicas. O mesmo acontece com o grupo de recrutamento de Contabilidade e Economia. Há centenas de professores de Contabilidade e de Economia que optaram por reformas antecipadas, com penalizações de 40% porque preferem ir trabalhar como profissionais liberais ou em empresas de consultadoria. Só não sai quem não pode. Ou porque não consegue suportar os cortes no vencimento ou porque não tem a idade mínima exigida. Conheço pessoalmente dois professores do ensino secundário, com doutoramento, que optaram pela reforma antecipada com penalizações de 30% e 35%. Um deles, com 53 anos de idade e 33 anos de serviço, no 10º escalão, saiu com uma reforma de 1500 euros. O outro, com 58 anos de idade e 35 anos de serviço saiu com 1900 euros. E por que razão saíram? Não aguentam mais a humilhação de serem avaliados por colegas mais novos e com menos habilitações académicas. Não aguentam a quantidade de papelada, reuniões e burocracia. Não conseguem dispor de tempo para ensinar. Fogem porque não aceitam o novo paradigma de escola e professor e não aceitam ser prestadores de cuidados sociais e funcionários administrativos.
'Se não ficasse na história da educação em Portugal como autora do lamentável 'pastiche' de Woody Allen 'Para acabar de vez com o ensino', a actual ministra teria lugar garantido aí e no Guinness por ter causado a maior debandada de que há memória de professores das escolas portuguesas. Segundo o JN de ontem, centenas de professores estão a pedir todos os meses a passagem à reforma, mesmo com enormes penalizações salariais, e esse número tem vindo a mais que duplicar de ano para ano.
Os professores falam de 'desmotivação', de 'frustração', de 'saturação', de 'desconsideração cada vez maior relativamente à profissão', de 'se sentirem a mais' em escolas de cujo léxico desapareceram, como do próprio Estatuto da Carreira Docente, palavras como ensinar e aprender. Algo, convenhamos, um pouco diferente da 'escola de sucesso', do 'passa agora de ano e paga depois', dos milagres estatísticos e dos passarinhos a chilrear sobre que discorrem a ministra e os secretários de Estado sr. Feliz e sr. Contente. Que futuro é possível esperar de uma escola (e de um país) onde os professores se sentem a mais?'

Manuel António Pina

Marília Gonçalves disse...

os dois lados duma mesma questão
voltar os jovens contra os mais velhos e os mais velhos contra os jovens não soluciona a péssima politica que está em vigor e dividir um povo, nunca foi a solução é antes o que fazem déspotas dirigentes a tentar escalar o poder
a dignidade e o direito à dignidade é tão importante na juventude como n velhice! e hoje estão a perder-se valores, ao dar prioritariamente a juventude como referência ou a aspecto agradável desta, contra a experiência adquirida ao longo da vida, que nada pode substituir!
Não é a expulsar "os velhos" a favor "dos novos" que se levanta um país, antes queria ver, por exemplo medidas fiscais, que facilitassem a criação de postos de trabalho, através da criação de pequenas e médias empresas hoje tão debilitadas, face à mundialização e aos grandes grupos financeiros. Em vez de cobiçar postos de trabalho já existentes e ocupados, por gente competente, veríamos os jovens tornarem-se imaginativos e criativos o que seria benéfico tanto para eles como para Portugal. A politica da divisão é o contrario da Unidade e por conseguinte enfraquece toda e qualquer luta social!
a meditar de urgência!!!
ou as consequências desta desumana e absurda quezília terão graves consequências tanto sociais como politicas
abraço
Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

Há teorias e defesas de posição, que podem levar um povo mais depressa a uma guerra civil que a uma revolução.
Uma guerra civil é a pior coisa a desejar dentro dum País.
ATT VEREDAS PERIGOSAS
Marilia

andrade da silva disse...

Marilia

Completamente de acordo a politica certa, correcta e justa é a que defenda a dignidade ao longo de Toda a vida, de que tenho um quase manifesto,feito há para aí dois anos que já apresentei por tertúlias numas disseram que era mais utopico que a utopia de Thomas More, outros ficaram tão zangados, porque acharam que aquilo era ainda mais PREC do que o PREC.
Por dificuldades informaticas e também porque poucos nos lêem não tenho trazido aqui mas vou tentar e terei de contar como seu apoio para publicar.
abraço
asilva

Marília Gonçalves disse...

aqui estou sempre que for preciso
abraço
Marilia