segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Música dos anos 60/70



Aqui a juventude, a minha, a tua, a nossa, a vossa, ao lado de quem? com quem foram partilhadas as canções do momento, hoje nostalgia...

http://sz.com.sapo.pt/Anos_Dourados.html




2 comentários:

Marília Gonçalves disse...

atravessar do tempo, de paisagens, de musica de leituras, de seres humanos de história e o GLORIOSO 25 DE ABRIL, e para mim, sempre ao lado desse homem, o Rui,hoje velhote como eu, mas lembrados ambos da intensidade desses dias, dessas noites... dos filhos que temos juntos, que ensinámos a crescer... numa vida breve, demasiado breve para tudo o que deixamos atrás de força e alegria, de intensidade...
esse Rui que me levou para o mar, pela primeira vez, numa constante descoberta
abraço
Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

O Relógio da Torre



Para quê saber o fundo da angústia

esse uivo vendaval que cedo surpreende

para quê conhecer a hora da argúcia

quando voam gaivotas sobre corpo de sede.



Remoinhos nos olhos levantam pensamento

onde folhas de outono poisaram tristemente

o cofre das lembranças e o do sentimento

deixam voar saudades a desfazer-se sempre.



Só uma badalada no pêndulo da torre

por uma hora magra, breve que nos resta

enquanto sobre nós cada dia que morre

na espessura da noite vai cobrir a floresta.



O cantar da sereia veio do tempo de Ulisses

ou navio que se afasta na estridência do cais

a navegar a bruma duma ilha de Circe

no rouco som que parte para não voltar mais.



Perfume de Agosto sobe do fim do tempo

com risos a cantar e manhãs a nascer

mas são vozes do cofre que estão em movimento

ou retratos antigos a chegar pra nos ver.



Tudo quanto nos cerca tem o tom conhecido

da constante paisagem do que somos na vida

como oferenda eterna do eco pressentido

no timbre cor de mel que nos serena ainda.



Minutos de surpresa e continua a espera

vertigem de viagem no encontro dos dias

mesmo se o mês de Outubro nos cheira a primavera

vão pairando no ar as velhas sinfonias.



A mão que nos segura, vacilando fraqueja,

tempo tem limite, tem portas e fronteiras

instante sereno que nosso alento beija

vai desfolhar a flor de nossas sementeiras.



Somos ainda sol amarelo de verão

uma praia aquecida no acaso da tarde

uma palavra solta na voz duma canção

uma fímbria de luz na breve imensidade.



Uma certeza só, perdida, inviolável

que nada trairá nem poderá vencer

encontro perene, olhar inevitável

vestido de distância, mas que nos faz doer.


solitário apito, um chamamento apenas

acena-nos de leve a esperada viagem

e nossas pobres forças, humanas, tão pequenas

vão subir o degrau da última coragem.



Marília Gonçalves

(este poema obteve o 1° prémio de Poesia no Concurso "DAR VOZ à POESIA organizado em Ovar pela Dr Ilda Regalado)