domingo, 25 de abril de 2010

05 - POEMÁRIO * A recusa



A Rosa dos Ventos - Ponta de Sagres, Portugal


Recuso ser, na noite, a sombra que desenha
a angústia indefinida e fria deste cais.
O que tiver de vir, se mais houver, que venha,
Mostrengo, Adamastor e Fim do Nunca Mais!

O leme se quebrou. Ao vento, as rotas velas
ensaiam os sinais das barcas à deriva.
Que velhas perdições?! Na consciência delas,
assombram predições doendo em carne viva.

Que venham os pinhais gritar o desafio
do tempo por haver que acena o amanhecer
além deste torpor indefinido e frio!

Que venha a tentação sortílega tecer,
com arte e com engenho, o já lendário fio
da espera que germina um novo acontecer!...



José-Augusto de Carvalho
20 de abril de 2010.
Viana * Évora * Portugal
(Apenas com este poema me é possível assinalar a Revolução dos Cravos, ocorrida em 25 de Abril de 1974.)

1 comentário:

Marília Gonçalves disse...

NATAL PORTUGUÊS



Menino Jesus, Menino irmão:

Deixa-me contar ao povo português,
como se contasse «Era uma vez ... »
que errada estava a tua certidão.

0 dia estava certo, o mês, porém, não.

« ... pois nesse tempo na Judeia se enganaram
quando o seu nascimento registaram ... »

Menino Jesus, Menino Irmão:

Deixa que os Meninos, aqui, em Portugal,
a 25 de Abril celebrem o Natal.

Sylvan
"Meninas e meninos"
Poemas
Tip. Garcia & Carvalho, Lda., Lisboa
1979