segunda-feira, 30 de novembro de 2009


Às Árvores


Há nevoeiro pelo caminho

Passadas longas lembram no mar

O pescador que vai sozinho

Seguindo esteira de alvo luar.

Há densa névoa sobre o desvio

Por onde seguem a soluçar

As águas fundas azuis do rio

Perdida nau no alto-mar.

Dobram os braços do arvoredo

Malignos ventos, sempre a girar

Cobrem os ares do espesso medo

Ó meigas árvores, ides quebrar.

Ainda há dias, o brando orvalho

dessedentava vosso viver

Poisavam aves em cada galho

Na cor intensa que há no seu ser.

Mas hoje, amigas, o vosso encanto

Recebe fúria do temporal

Ó benfazejas, sobre meu pranto

Cai vosso corpo no vendaval.


Marilia Gonçalves

Sem comentários: