terça-feira, 5 de agosto de 2008

05 - POEMÁRIO * Ibéria






Os Pirenéus são a fronteira natural.


Aquém se estende a Ibéria...

...deslumbrando-se nos poentes incendiados
donde lhe acena o Novo Mundo!

...encantando-se nos mistérios do Meio-dia,
onde adivinha maravilhas de ébano
e rotas salgadas de pimenta e canela!

Lê nas estrelas o destino da largada!
O pátrio solo ibérico apenas é o cais,
o cais determinando a partida inevitável
para o mundo ignoto que chama, chama, chama!...

É a predestinação!

E vai, sobre as ondas lavadas de aventura e liberdade,
abraçar o longe, que mora além do medo e da renúncia!

E deixa para trás as terras de Espanha
e as areias de Portugal!

No cais da largada, ficam as viúvas do medo
acenando o adeus soluçante,
que será ou não
o adeus de nunca mais!

Os lenhos singram ligeiros nas rotas da tontura!
Os mastros gemem, gemem... mas não quebram!
As velas, prenhes de longe e de evasão,
voam na distância, mais e mais!

E os lenhos enfrentam o Cabo Não!
E dobram o Cabo Não!

E vão até ao Fim do Mundo!



Além dos Pirenéus, expectante,
um mundo outro que escolhera ficar,
assumindo a separação definitiva.




José-Augusto de Carvalho

5 de Agosto de 2008.
Viana  *Évora * Portugal

2 comentários:

andrade da silva disse...

CARO Augusto
Quanta alegria se os nossos pobres lenhos dobrassem os Cabos SIm e chegassem ao coração e ao pensamento de quantos portugueses fosse possível, já que o blogue Avenida da Liberdade da sasociação 25 de Abril, saiu deste campo e o da Liberdade de expressão, contra o espirito do 25 de Abril e democrático.
abraços para si e para todo o alentejo
andrade da silva

Anónimo disse...

Prezado Andrade da Silva, não tenho a dimensão de Sócrates, o Filósofo, logo não poderei dizer que só sei que nada sei; mas posso dizer, seguramente, que qualquer povo será digno se souber merecer-se.
A nossa História é fértil em alvoradas, mas sempre efémeras, porque as intrigas do paço continuam, como há seculos.
Cada dia que passa, mais me recordo da figura magistral do Velho do Restelo... talvez porque tb já chegaram a mim as neves e as rugas da anciania.
Grande abraço.
José-Augusto