quinta-feira, 10 de julho de 2008

O ESTADO DA NAÇÃO



Quem somos e o que esperamos?

E se ... de repente, acordássemos e descobríssemos que a letargia em que há muito mergulhámos, deixando-nos apatetados, estupidificados, seguidistas e desejosos de ser mais e mais controlados, tinha desaparecido, como num golpe de mágica ?

E se ... de repente, se fizesse luz nos nossos cérebros e descobríssemos que temos sido brutalmente enganados, violados e escravizados por políticos frouxos, desonestos, sem garra nem carácter, sem honestidade intelectual e sem amor ao povo ou há Pátria, que os viu parir ?

E se ... de repente, o presente nos mostrasse um passado obscuro, corroído por invejas mesquinhas, jogadas abstrusas, sacanices preparadas e levadas até às últimas consequências, por indivíduos que num determinado momento das suas vidas, em nosso nome, juraram cumprir e fazer cumprir o melhor para Portugal e para o Povo – o seu Povo ?

E se ... de repente, percebessemos que nos roubaram 30 anos das nossas vidas ?

E que ... durante esses 30 anos, muita gente desonesta, desleal, sem escrúpulos, falando em nosso nome, traiu, roubou, saqueou, viveu principescamente, enquanto nós nos esforçávamos para sobreviver, dando almoços de miséria e camas de inquietação a nossas mulheres, filhos e pais ?

Foi exactamente isso que aconteceu, com a entrevista de Medina Carreira na SIC !

Desde há muito, que Medina Carreira, na sua forma desassombrada de falar, vem dizendo a verdade, que todos nós teimamos em não ver, mas que nos vai minando e corroendo o dia a dia, a vida, o futuro, as entranhas.

Não há corruptos por declaração ! Mas tudo há nossa volta é corrupção. Nas suas várias formas. Nas suas múltiplas artimanhas:
- É corrupção o modo como nos sacam nos combustíveis;
- É corrupção o modo como nos cobram o gás;
- É corrupção o modo como nos aumentam o pão;
- É corrupção o modo como nos vendem as nossas próprias ruas;
- É corrupção o modo como nos impõem que paguemos auto estradas, pontes e TGV’s, que não pedimos, que não podemos comer, que não têm qualquer utilidade para o cidadão e menos ainda para quem as manda construir, pois nunca pensou andar nelas;
- É forma corruptíva e corruptível o modo como nos falam, nos mentem e nos ofendem, garantindo e jurando a pés juntos e sob protesto de honra que estão a fazer tudo para nosso bem estar, para futuro dos nossos filhos, cumprindo promessas feitas e por nós aceites.

Quem somos hoje ? O que esperamos ? Porque não nos livramos desta corja de uma vez ?

O que nos falta ? Coragem ? Que outros o façam por nós, como já aconteceu ?

Medina Carreira tem razão. Alerta com justeza. Se continuarmos assim, se não arrepiarmos caminho, se não emendarmos os erros, rapidamente os nossos filhos não terão pão, não haverá emprego, não haverá sobrevivência possível. Pelo menos para nós.
Os especuladores não precisam de mão de obra. Aliás, o mais inconveniente para eles, é alguém por perto, que possa ver, denunciar, ou aprender.

Saberemos nós ser dignos de ideais que jurámos serem nossos há 34 anos, mas que desprezámos, a troco de gravatas de seda (compradas a crédito), casas que são nossas (quando as pagarmos ao banco, seu real dono), automóveis caros (comprados em leasing duvidoso) e que na maior parte dos casos são ou serão retomados, por impossibilidade de cumprimento da mensalidade, de uma vida de fachada, de falsas aparências, muitas vezes sem amor e sem respeito, mesmo entre pais e filhos, sem prestígio e sem dignidade ?

Saberemos nós, que o tempo, as possibilidades e as capacidades se esgotam. Se estão a esgotar, rapidamente, encurtando a hipótese de recuperação e dando azo a que mais e mais oportunistas surjam e se juntem aos outros ?

Esperemos que o(s) alerta(s) de Medina Carreira e de alguns poucos, outros, sejam atendidos e repensados em tempo e oportunidade.

Gostei. Era necessário que alguém, pública e desassombradamente gritasse as verdades, que todos falamos no quotidiano, mas que para políticos e governantes não passam de ofensas, calúnias e mal-dizeres e arruaças. Populaça.

Vamos ao importante, enquanto é dia. Suspeito que se aproxima célere, a noite.

Assim esteja enganado.

Jerónimo Sardinha.

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